Quando as luzes do XIX Fórum Internacional da Administração começaram a se apagar, uma última reflexão tomou conta do auditório: o valor da espiritualidade na vida e na gestão. A palestra magna que encerrou o evento trouxe ao palco Clóvis de Barros, professor e referência em ética, para um diálogo profundo sobre princípios, consciência e a essência das relações humanas. O CRA-ES, presente na cobertura, acompanhou cada insight dessa conversa que foi além da técnica e tocou o sentido da convivência.
Clóvis iniciou com uma provocação: o que é valor? Para ele, chamamos de valor tudo aquilo que aumenta a potência da vida humana. “O universo vale na medida em que é contemplado”, afirmou, explicando que valores positivos são aqueles que tonificam a existência. Ele classificou valores em diferentes dimensões, individuais, institucionais, culturais e lembrou que alguns podem ser traduzidos em preço, enquanto outros são afetivos, ligados ao significado que atribuímos às coisas.
Mas foi ao falar sobre valores morais que Clóvis trouxe a essência do debate. “São aqueles que sustentam a dignidade do indivíduo e se objetivam em princípios de conduta. São inalienáveis”, destacou. Para ele, moral não tem relação com punição ou medo, mas com consciência. “Agir moralmente é agir sem medo”, disse, antes de alertar para um fenômeno preocupante: a erosão dos valores morais. “Com eles, desaparece a confiança. E sem confiança, as relações empobrecem”, afirmou, lembrando que parceria pressupõe crença na integridade do outro.
Clóvis também diferenciou ética e moral. “A ética é coletiva, é a inteligência compartilhada a serviço do aperfeiçoamento da convivência”, explicou. Enquanto a moral orienta a consciência individual, a ética busca harmonia no grupo, protegendo os grandes valores, entre eles, ensinar e aprender. “A harmonia do coletivo tem um valor superior a qualquer pretensão individual que possa comprometê-la”, concluiu.
A palestra encerrou o XIX FIA com uma mensagem poderosa: em um mundo acelerado por tecnologia e marcado por incertezas, os princípios éticos e morais continuam sendo o alicerce das relações humanas e da gestão. Porque, no fim, administrar não é apenas organizar processos, é cuidar daquilo que sustenta a confiança e a vida em sociedade. E o CRA-ES, presente nessa jornada, reforça que a Administração do futuro será tão técnica quanto humana.
Jornalista Márcia Menezes | Assessora de Comunicação
