O CRA-ES, presente na cobertura do Fórum Internacional da Administração, acompanhou de perto um debate que expôs uma questão central para o futuro da Administração: como equilibrar tecnologia e humanidade em um mundo que corre atrás da eficiência? A palestra “Legado Global – A Administração como Pilar de Reconstrução e Desenvolvimento” reuniu especialistas da Rússia, Colômbia e Portugal para discutir caminhos possíveis diante das contradições da Revolução 4.0.
Olga Ergunova, professora da Universidade Politécnica Pedro, trouxe um alerta: enquanto a longevidade aumenta, a fome continua sendo um desafio global. Para ela, o Brasil tem papel estratégico, com sua biodiversidade e capacidade de produção de alimentos. Olga destacou que cidades inteligentes não são luxo, mas necessidade, e que inovação só faz sentido quando gera bem social. Lembrou ainda que os BRICS já representam 30% da riqueza mundial e têm metas ousadas, como digitalização das produções e avanço da agricultura 4.0. Antes de concluir, incentivou jovens a participar de iniciativas globais de ciência e tecnologia como caminho para autodesenvolvimento.
Mario Daza, economista colombiano, trouxe uma crítica direta: “Falamos sobre inteligência artificial, mas esquecemos o básico: inclusão. Como prosperar sem as pessoas?”. Para ele, a falta de continuidade nas políticas sociais é um dos maiores entraves para cumprir os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU. “Sem rever processos e garantir participação, não avançaremos”, afirmou.
O administrador português Rafael Amorim encerrou com uma mensagem clara: progresso só faz sentido quando gera justiça social. “Devemos falar menos de tecnologia e mais de soluções que transformem vidas. Só assim poderemos avançar após os ODS”, concluiu.
O painel deixou uma certeza: reconstruir não é apenas inovar. É garantir que cada avanço tecnológico seja traduzido em bem-estar social. Porque desenvolvimento sem inclusão não é futuro, é apenas mais uma promessa.
Jornalista Márcia Menezes | Assessora de Comunicação
