O cenário empresarial da atualidade é um mosaico de desafios interligados que exigem mais do que apenas eficiência — pedem sensibilidade, estratégia e adaptação. Enquanto países como Estados Unidos e China reacendem a guerra tarifária, tencionando cadeias produtivas globais, do outro lado da equação, pequenos empreendedores brasileiros enfrentam um dilema crucial de diferente teor e monta sobre quando e como fazer a transição do MEI para o ME.
O contraste entre os grandes embates geopolíticos e as decisões do microempresariado expõe um mundo cada vez mais interdependente e complexo. Se de um lado as tarifas impostas entre as duas maiores economias do planeta afetam a indústria de semicondutores ou veículos elétricos, do outro reverberam em pequenas empresas que dependem de componentes importados ou exportam via plataformas globais.
Nesse ambiente de disrupção constante, a adoção de metodologias mais ágeis e enxutas se torna uma questão de sobrevivência. O modelo Lean Agile, como exemplo, tem ganhado tração ao integrar os princípios da eliminação de desperdícios do Lean com a flexibilidade e iteração contínua do Agile.
Em vez de planos rígidos, equipes adotam ciclos curtos de entrega, respondem rapidamente a mudanças e colocam o cliente no centro do processo. É uma realidade que dialoga diretamente com o futuro da ‘experiência do usuário (UX)’.
A UX, por sua vez, tem deixado de ser apenas um diferencial estético e se tornado estratégica. Tecnologias como inteligência artificial, realidade aumentada e interfaces intuitivas redefinem a forma como consumidores percebem valor, usabilidade e empatia em produtos e serviços.
Paralelamente, um fenômeno ainda controverso se insinua nas campanhas institucionais: o carewashing. Inspirado no conceito de “greenwashing”, marcas que dizem se importar com bem-estar, inclusão e saúde mental não têm práticas coerentes no cotidiano, com isso, não apenas frustram clientes, mas alimentam o cinismo e a desconfiança.
Esse ponto é particularmente sensível quando falamos de assédio no ambiente de trabalho. Ele pode ser moral, sexual, institucional ou até digital, e muitas vezes se disfarça sob formas sutis como microagressões, isolamento ou cobranças humilhantes.
Somado a isso, há uma urgência ética e estratégica em acolher e valorizar profissionais neurodivergentes — como autistas, disléxicos e pessoas com TDAH — que estão cada vez mais presentes no mercado de trabalho. A neurodiversidade não é uma limitação, mas uma riqueza de perspectivas e competências que pode gerar soluções criativas, foco diferenciado e abordagens inovadoras; no entanto, para que isso se traduza em potência, é necessário repensar ambientes, lideranças e processos, garantindo acessibilidade, adaptação e pertencimento.
No fim das contas, o mundo dos negócios contemporâneo é simultaneamente global e íntimo, estrutural e sensível. Ignorar esse entrelaçamento é um risco que nenhuma empresa pode passar: seja ela uma gigante do setor automotivo ou um pequeno comércio local. É tempo de agir com coerência, planejar com agilidade e cuidar com autenticidade.
Clique aqui e leia a RBA
Leon Santos, editor-chefe da RBA