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NR-1: A base da segurança no trabalho e o papel estratégico do Administrador nas organizações

A Norma Regulamentadora nº 1 (NR-1), que trata das disposições gerais sobre segurança e saúde no trabalho, tem se mostrado cada vez mais relevante para as organizações brasileiras, especialmente após suas atualizações recentes promovidas pelo Ministério do Trabalho e Emprego. Agora, além de estabelecer diretrizes para garantir a saúde física e a segurança do trabalhador no ambiente de trabalho, a NR-1 também prevê a obrigatoriedade do gerenciamento de riscos psicossociais relacionados ao trabalho.

A nova versão da NR-1 passou a vigorar no último dia 26 de maio. As empresas terão um ano para se adaptarem e, para isso, terão que avaliar aspectos como estresse, sobrecarga de trabalho e saúde emocional a fim de elaborar e implementar o Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR), que substitui o antigo PPRA.

Para o diretor de Comunicação e Marketing do Conselho Federal de Administração (CFA), Adm. Gelson Uecker, muitos empresários encaram a NR-1 como uma ameaça. Contudo, ele explica que as questões psicossociais já são uma realidade nas empresas. “A diferença é que, agora, estando adequadas às exigências da NR-01, elas terão como se defender, mas, antes disso, poderão prevenir e diminuir os riscos psicossociais”, afirmou.

Gelson reforça que ações ligadas a saúde mental dos colaboradores já estavam no radar de muitas empresas, mas de forma informal. Com a inclusão dos aspectos psicossociais à NR-1, agora elas terão que formalizar tais ações sob o risco de serem penalizadas por descumprimento da norma.

“Portanto, a rotina administrativa muda com o incremento de novas práticas, tanto que diagnóstico, geração de relatórios e, principalmente, na aplicação de Planos de Ação”, disse o administrador.

Vale lembrar que a NR-1 trata de oito fatores: exigências emocionais e cognitivas; autonomia e controle, relações interpessoais, justiça organizacional, conciliação trabalho e vida pessoal, estabilidade e segurança, condições ambientais e eventos perigosos. “Eles precisam ser tratados separadamente, porém, acontecem relacionados”, enfatizou Gelson.

Desafios a vista e o papel dos profissionais de Administração

De acordo com o diretor do CFA, o principal desafio para as empresas com a atualização da NR-1 é transformar essa “ameaça” em oportunidade, com uma mudança de postura diante dessa regulamentação.

“Já que as empresas precisam tratar desse tema, que tragam isso para o melhoramento da qualidade de vida dos funcionários no trabalho. Eu penso assim: já que vamos fazer, vamos fazer bem-feito e trazer melhorias e também ganhos. Pareço otimista, mas acredito que só assim podemos programar nosso cérebro para encontrar soluções, inovações e melhoramentos. Fazendo um bom diagnóstico, as empresas encontrarão fatores importantes que precisam ser tratados, tanto para sanar problemas, como para aproveitar questões positivas”, defendeu.

E qual o papel dos profissionais de Administração nesse contexto? Para Gelson, esse profissional é fundamental na implantação e continuidade da prática de gestão de riscos psicossociais.

“Como o nome já diz, é gestão!  Apesar que muitos profissionais de psicologia tentarem trazer para eles toda essa demanda de serviços, vejo que é mais papel do administrador do que do psicológico.  É o administrador que entende de gestão e processos, dentro de todo o contexto empresarial”, explicou.

Na prática, o diretor e conselheiro federal do CFA exemplifica: “Se o diagnóstico apontar que temos problemas de estresse de vendedores, alegando metas muito altas, o administrador terá capacidade de avaliar o contexto das vendas como o todo e desenvolver soluções que vão além de simplesmente reduzir as metas”, sugeriu.

Diante desse cenário, a solução pode passar por treinamentos que aumentam a qualificação dos vendedores para desempenhar melhor a sua função; melhorar os recursos disponíveis para os vendedores realizarem seu trabalho; alterar o processo de venda, proporcionando aos vendedores momentos de descanso e relaxamento; dentre outras ações.

Hora de agir

“Administradores e gestores de RH precisam primeiro entender toda a NR-01 e o que realmente ela prevê e como isso de reflete na nossa empresa. Não podemos simplesmente acatar planos propostos por empresas ou profissionais que tentam vender soluções a partir da nova NR-01.”, refletiu Gelson.

O diretor pede para que todos lembre da base da Administração: “Para tomar decisão, precisamos de dados e informações”. “Digo isso porque, antes de aplicar qualquer ação, faça primeiro o diagnóstico. É disso que realmente a empresa precisa?”, questionou.

Para finalizar, Gelson incentiva que todos os Administradores passem a entender a NR-01 e sua aplicação considerando a empresa como um grande sistema, que funciona internamente com fatores controláveis, porém, com influência do ambiente externo com fatores incontroláveis.

“As soluções estarão na melhor combinação disso. Vamos aproveitar aquilo que temos de melhor. Afinal, nenhum outro profissional entende mais de gestão e empresas do que o profissional de administração. Não vamos relacionar os fatores psicossociais só aos fatores psicológicos. Vamos fazer a gestão do processo. Lembrem-se disso.”, concluiu.

Ana Graciele Gonçalves | Assessoria de Comunicação CFA